quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Libertação

Eu era apenas uma garotinha mimada e riquinha, me sentia oca e foi então que você chegou com seu jeito encrenqueiro e me fez querer fugir, afinal uma moça como eu não pode se envolver com um garoto igual a você. Estava tão errada, tão cega e quando menos percebi você já tinha roubado meus mimos e com eles se foram minhas ilusões, meus sonhos de mocinha indefesa.
Você me fez forte, mostrou quem eu verdadeiramente era por baixo do rostinho de boneca. Você me amarrou com seus cadarços velhos e ainda assim eu me sentia livre.
E foi naquela bela e sufocante tarde de verão que você fez minha cabeça fervilhar, minha mente não comandava mais meu corpo, o suor escorria mas eu não o sentia, não sentia mais nada. E foi assim que a garotinha fútil e tola se tornou uma mulher brava e guerreira.
Desfiz o nó e me soltei do seu cadarço sujo e cheio de fiapos. Eu senti mais, quis mais, as ruas e avenidas do bairro eram agora vielas e você querido não foi páreo para mim.
Tarde demais, não adianta mais me dar seu álcool, ópio e éter, não sou mais sua, não sou de mais ninguém, apenas minha mesmo.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Esperanças?

Olhar vazio, toque escorregadio, lábios que se tocam com estranhamento. Assim a folha vai sendo levada pelo vento, sem lutar, sem sentir, apenas se deixando levar. A taça mostra os restos da amargura sentida e não revelada.
Caminhada sem destino, sem sentido, sem tato, sem perfume, sem frio, sem calor, apenas passos que ecoam no vazio do peito.
Devaneios, ilusões, sonhos fragmentados, pesadelos lembrados, assim vai o meu caminhar nessa labuta diária.
Vivo sem mais sentir, vivo sem mais querer, vivo sem mais ter. A alegria não reside mais em mim, tento através da desilusão, da mentira e da falta de sentidos achar o fio que conduzirá o choque.