terça-feira, 29 de setembro de 2009

Realmente importante

De ontem até hoje momentos se foram, palavras se perderam, houve carinho e faltou carinho, teve choro, alegria, tristeza, sorrisos, ganhos e perdas. O que realmente foi cultivado e o que deveria ter sido? Onde encontrar as pequenas alegrias que somadas são imensas? Filosofias discutidas, teorias aplaudidas, práticas desencontradas.
O milésimo é muito perante as decisões a serem tomadas. Inspire e se inspire, respire, respeite, acredite e grite. Colocamos o diamante, vestimos a seda e respiramos o ópio. Vida finita, sentimentos infinitos.
Pondere cuidadosamente antes da tomada de decisão. Afinal o que realmente é importante para você? Afinal o que realmente queremos e faremos? A decisão é nesse momento, sem mais delongas.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Sem conteúdo

Um rosto sem expressão, uma alma sem corpo, um sexo sem prazer.

Prazeres inesperados

Procuro pelas ruas escuras aquele que um dia me dominou e me fez ver que pode existir prazer sem culpa. Naquela noite eu sai sem grandes pretensões, apenas querendo um bom vinho e um lugar para descansar e pensar.
Entrei em um bar aconchegante porém simples e com pouco movimento. Entre uma taça de vinho e uma petiscada, meu olhar cruzou com de um homem alto, magro e de olhar perdido, me pareceu interessante, mas não me atraiu fisicamente. Sem esperar ele sorriu e eu correspondi, ele veio em minha direção e sentou ao meu lado, logo engatamos uma deliciosa conversa. Depois de algumas horas e taças de vinho, percebi que estava na hora de ir embora. Ele insistiu em me levar para casa e eu aceitei.
A noite acabou e ao amanhecer estava repousando sobre seus braços. Apesar da conversa agradável e da ótima noite, não trocamos telefone e não marcamos mais nada.
E ainda hoje quando estou pensativa, gosto de caminhar e imaginar que qualquer noite o encontrarei novamente.

Palavras

Palavras que ecoam na sala fria e suja. Palavras duras, sem piedade e sem valor. Dizeres que envolvem, mas não realizam.
Palavras profundas que ferem. Destroem a ilusão, os sonhos e a inocência da menina doce e gentil.
As lágrimas que representam todo o diálogo realizado, sons abafados e sufocados que se perdem no ar.
Palavras ditas que deviam ser caladas. Desabafo contido que deveria ter sido realizado.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Doente

Não pense que estou morrendo, estou apenas em coma recuperando as forças, digerindo o álcool, espantando a virose.
A casa feita sobre a areia foi destruída pela brisa marítima e o cachorro sarnento sempre traz alegria.
Não pense que vou ficar imóvel, serei ágil como um furacão, transformarei em pó cada sentimento de dor. Estarei pronta, esperando sua recuperação, mas não me deixarei infectar novamente.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Cinza

Ruas alagadas, pés descalços, cacos de vidros, sangue jorrando. Dor dilacerante, ar envenenado, tempo nublado.
O caos do trânsito enloquecedor, ensurdece, emudece, desfalece. Pessoas alucinadas, sedentas por vingança, clamando vitória.
Não há ganhadores, somente dor, sofrimento e lamurias nessa grande massa cinzenta que envolve todo o meu ser.

Jornada

O Calor estava intenso na madrugada daquele sábado, meus pensamentos vagavam entre um gole e outro da cerveja gelada que descia refrescando meu corpo, mas minha mente fervilhava.
Eu observava a vida intensa daquela noite, as pessoas indo e vindo naquela calçada suja e cheia de histórias. Aos poucos fui imaginando a vida de cada uma daquelas pessoas que em mim esbarravam ou que apenas tomavam sua cerveja.
Onde está minha vida? O que fiz dela? Os sentimentos estão tumultuados, sinto amor, sinto dor, sinto frescor, sinto raiva, sinto felicidade e tristeza. Não sei quem sou e porque estou nesse abismo, cada passo que dou é um convite que essa profunda cratera faz ao meu ser.
Não sei se amo, não sei o que quero. A felicidade me parece distante a cada dia e me apego a pequenos gestos na esperança de recuperar tudo que perdi.
Alertas foram disparados em meio a tornados e calmarias, resta somente seguir adiante, caminhando contra as centenas de pessoas que transitam ao meu redor.
Não clamarei por misericórdia, sentirei cada gota de sangue e suor que essa jornada me proporcionar.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Abdução

A neblina tomava conta da noite, cada passo ecoava no silêncio da madrugada. Alguns corvos se agitaram com o barulho que se aproximava da choupana. Resisti em verificar quem poderia ser naquela hora, visitas inesperadas me desagradam imensamente. Pela fresta da janela tento enxergar alguma coisa em meio ao nevoeiro e percebo que é somente um cervo que se aproxima.
Abro uma garrafa de vinho, sento próximo ao fogo e inicio minha leitura. Sinto meu corpo amolecer, sinto como se tivesse tomado duas garrafas de vinho ao invés de apenas uma taça. Tento levantar, mas é em vão, minhas pernas não suportam meu peso.
Sinto meu estômago remexer, a sensação é que vou desmaiar a qualquer momento.
De repente um vento gelado percorre minha espinha, minha visão está turva, mas consigo distinguir a figura de um casal adentrando em meu refúgio. Desesperadamente em vão tento balbuciar alguma pedido de socorro ou fazer algum questionamento para essas estranhas figuras.
Desmaio imediatamente.
Acordo com a claridade que entra pela janela, com alguma dificuldade consigo abrir os olhos e percebo que estou ainda na sala. Observo a bagunça ao meu redor. Com dificuldade e com a cabeça latejando levanto e inicio a procura por alguma pista, algo que revele quem eram aqueles seres e o que queriam comigo.
Percebo algumas inscrições, talvez em hebraico, não sei realmente, sou totalmente leiga no assunto, mas com certeza não é uma língua conhecida, se é que é uma língua.
Analiso cuidadosamente cada objeto fora do lugar e percebo um forte cheiro de amônia misturada com dama-da-noite. Sem descobrir o que aconteceu naquela noite resolvo fazer um café e pensar mais calmamente.
Tenho algumas marcas em minhas mãos e em meus pés. Reluto em acreditar, mas uma explicação passa por minha mente, após alguns sentimentos confusos e contraditórios sobre a noite anterior, acredito que eu tenha conhecido algum ser desconhecido por nós. Será? Porque não? A memória ainda é ingrata comigo, mas persistirei nessa investigação.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Sentimentos do Coração

Não importa a situação, seja ela difícil ou fácil, nunca me importei, desde que tivesse amor. Mas a definição de amor é algo muito subjetivo, vago e de múltiplas interpretações.
As palavras confundem e ludibriam, mas os gestos, o olhar, o toque, esses são difíceis de camuflar.
O que espero é cumplicidade, apoio, carinho, mas é também admiração e desejo. Alguns sentimentos são opostos, mas se completam de forma espetacular.
Como definir um relacionamento? União de sentimentos e sensações? Não importa qual a definição, o importante é sentir. Quando algumas sensações enfraquecem ou desaparecem, vale ter atenção.
Mas o que importa é sentir. Nem sempre são sentimentos acolhedores, alguns são desesperadores, mas fazem parte do ciclo, com eles se aprende, apesar da dor muitas vezes dilacerante, sempre existe um aprendizado.
Não fale apenas. Faça, pois o que importa é sentir. O que quero? Que sintam por mim também.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Partida

O cérebro incha, o coração se transforma em um caroço, a língua fica seca, na garganta um nó, os pulmões ardem, o estômago se corrói e as pernas viram filetes de gelo que se quebram.
Não enxerguei antes e por isso meus olhos nada mais vêem, somente o cinza. Mudança gradual, desaparecimento súbito.
E o último registro na alma é a partida.