Ninguém me responde, afinal ninguém me ouve e fico sem saber. Por que dói tanto? Quais as revelações ainda não foram desmascaradas?
Nem é mais noite, a manhã já chegou e com ela o cinza do concreto. A fuligem já está diluída em meu sangue e o cimento faz parte do seu coração. Em que momento o salvador virou carrasco? Quando os andaimes substituíram as árvores?
As palavras ecoam no vazio da sua alma, batendo fortemente no seu coração endurecido pela cidade. Eu poderia ficar aqui eternamente e tentar reconstruir a selva, eu até estava me acostumando com a vida selvagem. Não irei. A solidão não me assusta, ela é minha parceira e assim para sempre será.
Na sua insensibilidade, no seu egocentrismo você não percebeu minha fragilidade, não soube cultivar o que já havia plantado, tudo está morto agora. Recolha os cacos de vidro e faça uma nova vidraça, quem sabe o luar faça alguma concessão ao seu asfalto fétido.
Eu era apenas uma pequena, agora sou apenas insignificante nesse seu novo mundo, por isso me recolho a escuridão da noite, que sempre lá estará, a me esperar.