quarta-feira, 19 de julho de 2017

Sumir

Fecho os olhos, não consigo respirar. Meu coração acelerado, os pensamentos fervilham, se confundem, não sei ao certo onde estou ou quem sou. Atitudes sem pensar, ímpetos, aquela vontade de mudar tudo. Um amargor na boca, membros dormentes, suor frio. Sentimento de impotência à vontade de dominar o mundo.
A noite é fria, mas o vento que bate me faz sentir viva. Acalma meus ânimos, mas só faz crescer a vontade de sumir. Uma taça de vinho para acalmar, acalentar os nervos. Um filme ou talvez uma música. Lembro da sua boca, lembro de quando você me fazia estremecer só de me olhar. O jeito que segurava meu cabelo ao me beijar. Tudo isso se foi. Você está aqui, mas é como se não estivesse. Quero sumir.
Algo tem que mudar e somente eu posso fazer isso. Mas como? Sentimento de impotência toma conta. A ansiedade aumenta. Ouço grilos, eles me acalmam. Gosto de como os sons noturnos surgem, gosto do que eles podem exprimir. Meus pensamentos são interrompidos pelo barulho de um carro que freia repentinamente. Então começo a imaginar, quem seria aquela pessoa, qual sua história e o que fazia na rua aquela hora. Seria um trabalhador, seria alguém indo socorrer um amigo ou apenas um notívago, como eu? A escuridão da madrugada começa a ficar menos intensa, as horas passaram. Meus pensamentos se acalmaram e a ansiedade se tornou sonolenta. Lembro daquele moço alto, cabeludo e tatuado. Sem saber exatamente porque, apenas sorrio.
As pálpebras pesam. O sono tomou conta do meu ser. Sei que ao acordar os afazeres tomarão conta do dia e os pensamentos serão vagos. Mas a noite chegará novamente, com toda sua intensidade avassaladora.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Barulho da chuva

A madrugada está chuvosa, gosto do barulho, sinto necessidade de sair, deixar a água do temporal envolver meu corpo. Arrastar o peso dos meus pensamentos. Cada elogio mendigado, cada gesto forçado, cada beijo acomodado. Que o barulho da madeira crocante que irrita, que rasga ao meio aquele momento sonolento, parta ao meus esses meus sentimentos. Vá embora junto com a correnteza do meio fio, sendo engolido pela boca de lobo.
A chuva não para, eu também não.
A chuva insiste, você também. 
Por acaso você já sentiu como soa interesseiro seu incentivo e como soa vago seu elogio?
A chuva teima. Assim como você teima em não ver, querer ou acreditar.
Que a chuva acalme. Que eu me acalme. Mas ela vai voltar, ela sempre volta. Assim são promessas em vão. Elas sempre voltam.