sexta-feira, 8 de maio de 2015

Migalhas

Água turva, migalhas suas. Já comi sobras, já implorei por gotas de suor, já senti tremores, já sofri de amores.
O cheiro fétido diário, o gosto ralo, o rosto enrugado, o amargo, aquele homem apenas amarrando o sapato.
Noite fria, cheira chuva, mas a rua é seca, poeira que levanta, odor da cama. Vazia, dura, sofrida.
A solidão dói, a solidão é boa, mas dói. O mundo roda, levanta e não para.
Agora aqui estou, sem dor, sem supor, num puro estupor, esperando apenas a ciranda do mundo. Desse mundo cheio de migalhas que roda, roda, como roda o mundo.