sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Ausência de amor

Eu sei que você pensa que eu não penso mais em você, que te esqueci para sempre e que tudo não passou de uma ilusão. Ah! Se você pudesse saber o quanto eu gostaria que as coisas fossem diferentes, mas o ser humano não passa de uma espécie que está em constante evolução e para isso, muitas vezes temos que aprender de formas muito diversas e na maioria das vezes ilógicas.
Se eu pudesse fazer tantas coisas diferentes, eu faria, pode ter certeza. Mas os caminhos estão lá, você escolhe qual acha que te fará melhor, mas você realmente não sabe se ele te fará melhor, pois temos uma visão limitada e enxergamos apenas alguns passos a frente e nem sempre o que começa da melhor forma, termina assim.
Eu sei que você ainda pensa em mim, sei que mereço esse pensamento, sei o quanto te fiz feliz, alegre e desejado. E por falar em desejo, ah! o desejo, como ele é encantador e aterrador.
Me pego pensando diversas vezes, como as coisas belas podem se transformar de tal forma que nos tragam desespero? Desesperador, pensar em se manter respirando, mas sem nenhum sentido a mais para isso.
Estaria você nesse momento, pensando em mim? O que te faz feliz hoje? Como você está? Será que eu te reconheceria?
Os rumos seguem, com ou sem escolhas, da melhor ou da pior forma possível. Tudo está tão distante, tão diferente, tão falso e irritante. As luzes da cidade, outrora tão fascinantes para mim, já não me agradam mais, tão pouco os ruídos e as pessoas que nela vivem. O som ao longe, são de pessoas rindo, são de carros passando e aviões percorrendo o espaço aéreo. Tudo isso mudou, seu significado não é mais o mesmo, tudo porque eu não sou mais a mesma.
Eu ouvi que transformações fazem parte da vida, mas eu não gosto de quem me transformei, não gosto dos sentimentos que afloram, acho que eu não gosto mais de mim e reconhecer isso é muito doloroso.
Continue pensando em mim, eu sei que é egoísmo, mas me faz bem, saber que após todos esses anos, todas essas transformações, ainda resta alguém que pensa em mim, da forma como eu gostava de ser.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Qualidade de sofrer

Sinto saudades de lugares que nunca estive, de uma época que nunca vivi e de pessoas que nunca conheci.
Choro com músicas que não entendo, sinto o que não sei descrever e sofro por sofrer. Eu vejo a beleza no sofrimento e a tristeza na alegria.
Quero viver o que é impossível, o possível me entedia. Assim vou levando meus dias, com sofreguidão.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Rugas

Angústia, medo, sonhos que são apenas sonhos, era isso que ela sentia naquela manhã de inverno. Não estava frio, nem calor, apenas uma temperatura amena, como tudo naquele dia. Seria somente naquele dia? A vida estava mediana, tal qual a temperatura e o céu daquela manhã.
Ela se olha no espelho e não possui mais sonhos, não tem mais ilusões. O beijo já não significa muita coisa, o sexo é apenas rotina.
Mistérios, emoções e desejos não existiam mais e isso a corroía, como o ácido corroe a face da senhora enrugada. É exatamente isso que são as rugas, sonhos perdidos, desejos não consumidos, romances despedaçados.
Ela não queria admitir, mas sabia que tudo estava acabado havia muito tempo. Sentia a brisa entrar pela janela e secar suas lágrimas, mas ela queria sentir seu rosto encharcado.
Tudo que lhe restava eram migalhas espalhadas pelo sofá puído, assim como sua pele. As rugas não mentem, estão ali para mostrar o que não se quer ver, mas todos percebem, todos observam aquela pele manchada, machucada e esquecida.
Assim será sempre, não adianta tentar esconder, maquiar ou injetar, elas sempre voltarão, afinal elas fazem parte de seu ser, por mais que se tente. Você pode deformar, mas nunca irá se livrar.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Partes

Me deixe ser essa lágrima que escorre pelo seu rosto, me deixe ser essa comida que sua boca tritura, deixe eu ser parte de você, somente assim serei um ser que faz algum sentido.
Observo seu gesto, te olho quando você dorme e somente posso te dizer boa noite. Posso te desejar? Posso te tocar? Posso te machucar? Não quero muito, só quero tudo.
Deixe eu ser a luz que ilumina sua pele, deixe eu ser o sabonete que escorrega pelo seu corpo, me deixe fazer parte de você.
Não faço sentido, não sou completa, praticamente não existo se não fizer parte de você.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Paixão pela noite

O sol desaparecendo lentamente vai dando lugar a escuridão e aos devassos, pessoas chegam famintas e outras saem de seus casulos. A noite desperta o melhor do pior, ela não brilha, ela faz brilhar.
Caminho lentamente observando a arquitetura de prédios e casas, observo as criaturas que caminham sem rumo ao encontro de algo. Algumas pessoas buscam conforto onde não sabem se existe, mas elas querem fugir da noite.
A noite mistura os sentimentos, faz com que pessoas tenham medo, alegria, desespero, coragem, amor e desamor.
A vida noturna de São Paulo me fascina, ela não é escura, mas é muito obscura. As luzes se acendem, os carros continuam nas ruas, mas dessa vez os engravatados no engarrafamento, as mães e pais com seus filhos, as empregadas e empregados se transformam. Na noite paulistana todos são tudo e nada.
Em muitos lugares de São Paulo a labuta só se inicia após o sol se pôr, começa o burburinho, as risadas, as alegrias e desamores.
Em diversas cidades do Brasil, a noite ganha novos personagens, já tive a oportunidade de conhecer algumas dessas noites, mas a noite paulistana é a que mais me agrada, é a que mais me traz sentimentos diversos, pois a mistura que aqui existe é muito maior do que em qualquer outra noite que eu conheci.
Dificilmente conhecerei todas as noites do mundo, mas com certeza conhecerei o máximo que eu puder.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Sentido viaduto

A placa de neon pisca e os carros passam com seus faróis alto que cegam. A caminhada é lenta, conduz ao viaduto Sta. Generosa, mas nada acolhedor estará lá, somente os barulhos que ensurdecem.
Cachorros sem coleiras, donos sem fucinheiras. O chiclete mascado é arremessado, enrolou no cabelo da pequena miss, que com sua boca cheia de batom soltou um grunhido. Todas as bestas e deusas estão por aí, porque o viaduto guarda a passagem e por debaixo dele a desgraça.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Elevador

Sobe? Não, desce. Aperta pra cá, vai pra lá. "Maintenance" incomoda, porém é necessário.
Entra um homem, sai o cachorro, a senhora se espreme com as compras e o garoto está alheio a tudo. Desce? Não sobe.
"Out of order", agora sim é o fim, até a próxima viagem.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Roda de samba

A roda de samba, o suor, o calor, os risos, nada especial, mas tudo essencial. A pequena garota vira mulher, descobre sua sensualidade e sorri.
Tímida e sem jeito ela roda sua saia e o moreno observa sua desenvoltura, ela não sabe mas aquele olhar que agora queima sua face, outrora irá aquecer seus dias frios e em meio a multidão ela sorri.
A roda aumenta, o som acelera e o samba faz suas veias pulsarem cada vez mais. A inocência perdida, o som tocado e a pele sentida.
Os homens com seu gingado malandro e as mulheres com seus decotes sensuais esperam a noite terminar de chegar para poderem se entregar. Mas a menina inocente não sabe ao certo o que lhe aguarda, ela só sabe que quer, mesmo sem logicamente pensar, seu corpo comanda tudo e o gingado assim se faz.
A cidade não sabe parar, não consegue descansar e assim é a menina com seu rebolado. A noite chega e seu homem a puxa para a esbornia.
Suor, lágrias e risos, assim se faz a noite daquela moça faceira, que jamais imaginou seu destino e nem quer. Sua vida seguirá assim, sem curso, como as grandes cidades, sendo modificadas pelos dias e noites.
Todo dia será assim, feliz, triste, risonho e lacrimejando pela vida vivida.
Todo dia pensando em você, respirando você, que naquela tarde me fez crescer e querer que todos os dias fossem simplesmente vividos.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Surrender

Rescue me, save my soul. Yes, I'm a junkie, baby, but I know you want me, your feelings for me are strong.
Take me with you, I'm the girl in your dreams. Don't leave me alone now, because I need you.
You have a choice, stay with me and I'm going to show you places you would never imagine.
I'll drive you to insanity, I know you are better beside me. Come here baby and relax.
Surrender, honey. You are mine.

domingo, 11 de abril de 2010

Giz

Depravação, medo, angústia, mentiras, egoísmo, paixões e desamores, sentimentos intensificados. Escola, amigos e inimigos, integram o ambiente, todos dão forma ao aspecto de sua existência.
Os olhos se movem freneticamente e as pupilas dilatadas entregam seu anseio pelo tudo. Ela se entregou e se perdeu, foi nesse caminho com nuvens, goteiras, raios solares e lamaçal que ela se revelou.
E foi naquele dia que ela conheceu o giz que sua desgraça começou.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Planos, desejos e verdades

Algo incomoda, então você faz alguns planos e muda. Mas a mudança não melhora, então o que estava ruim antes não parece tão ruim agora.
Então novamente você faz planos e depois outros planos e continua com uma sequência falida de planos.
O cérebro insiste em mais e mais e mais planos, alguns bem elaborados, outros tolos demais. A fuga da realidade te leva a viver constantemente em desacordo com a realidade, afinal encarar a realidade é encarar seus maiores medos, seus maiores desafios.
O que vão falar? O que esperam de mim? O que eu espero de mim? O que eu quero de mim?
Conseguirei encarar meus desejos verdadeiros ou serei eu uma covarde? Mas pra isso preciso antes acreditar que exista uma verdade.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Desabafo

Hoje me bateu uma angústia. Parte saudades, parte vontade de mudar alguma coisa e me sentir inerte.
A caminho da faculdade recebi uma mensagem avisando que minha amada amiga Beth tinha escrito sobre mim no blog dela (http://diciodiario.blogspot.com), e vejam só a coincidência era exatamente nela, na Silvinha, em Floripa/Curitiba que eu pensava.
Estava na aula de Políticas educacionais, escutava sobre as políticas e escrevia esse post. Hoje precisava desabafar e dizer que eu estou com saudades e que muitas coisas quero fazer ainda.

ônibus 292

Os carros solitários vão e voltam, apesar que nem todos voltam, os caminhões ácidos passam em sequência. Eu observo, meus olhos ardem, não possuo mais franjas.
Caminho tortuoso e a mente vaga. Paredes pixadas, pintadas e rebocadas desmoronam e todos estão ali alheios. Uns riem, outros choram, resmungam, dormem, falam ao celular. Enquanto isso estou lá, como participante observadora até a próxima parada.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Café da manhã

O cérebro de Cassandra fervia, os pensamentos se enroscavam, ela estava enlouquecendo, não aguentava mais todas aquelas vozes em sua mente.
Saiu correndo desesperadamente, desceu os dezoito andares em poucos minutos. Chegou afobada ao final da escadaria e lá trombou com Robson, que disse:
- Olá Cassandra, aceita um ovo?
- Oi Robson, aceito sim, ainda não tomei café da manhã.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Carro 77

Dia escuro, boca seca, olhos marejados por sua fumaça mortal. Hoje é dia de feira, o pastel cheira bem mas sua carne está apodrecida, assim como todos que nela tocaram.
Vou viajar para longe com meu carro 77, mas isso é impossível. Olho no retrovisor e só vejo o dia que você me dominou e após uma mordida venenosa se foi e me deixou em estado de putrefação.
A viagem é longa, minha alma fraqueja, mas eu vou chegar ao fundo do poço e lá irei te encontrar, te beijar e te matar com minhas pernas.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Amor?

O amor cura a insônia, amargura, tristeza, solidão e traz alegria plena. Será?
Rápida quanto um macarrão instantâneo, mata a fome momentaneamente mas não completa todo suprimento necessário, essa é a cura amorosa.
O tal amor é uma sensação tal qual a fome, uma necessidade que pode ser suprida, tornando parte de suas necessidades básicas. Ao ignorar essa sensação ela se volta contra você e traz consigo um arsenal de emoções, que se unem aos demais órgãos de seu organismo podendo te sufocar, paralisar seus membros, impedir a passagem sanguínea, fechar as vias respiratórias, levar a falência de todo seu organismo.
Cuidado com as facetas do amor.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Dúvida

Noite, dia, tarde e lá está ela, massacrando, ocupando todos os espaços, todos os vãos.
Ela corrói meu sorriso ou seria ela que o molda? O olhar fala por si? E o que o meu diz se nem ele mesmo sabe o que dizer.
Irei expelir como um pus ou mantenho a loucura que me mantém sã? Mas seria mesmo essa loucura a causa da minha sanidade ou seria um estado de transição para a depressão?
Uma pitada de ácido, tudo derretido e resolvido.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Orelhão de memórias

Sinto a ausência da emoção e me contento com a angústia. Encontro no bolso da calça velha uma ficha telefônica. Memórias resgatadas, contadas de forma divertida.
Ele recusou ajudar a moça que caiu no lamaçal da cidade, recusou comer brócolis e nunca mais quis se olhar no espelho.
O orelhão não comporta mais a minha velha ficha telefônica, mas meus sentimentos a guardam com carinho.
Vou fazer a ligação antes que seja tarde demais, pois o dia já vai clarear e eu aqui não posso mais ficar.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Melancia

O relógio tocou enlouquecidamente avisando que já estava na hora de levantar e iniciar mais um dia de trabalho. Pablo havia dormido no sofá, sonolento ele se encaminhou ao quarto e desligou o barulho que penetrava em seu cérebro. Giovana acompanhava seu retorno sonolento ao sofá-cama e perguntou a ele que horas eram, ele respondeu que os ponteiros marcava sete horas da manhã e complementou perguntando para ela sobre a Melancia. Melancia, como assim melancia????
Giovana despertou imediatamente e percebeu que seu amado ainda dormia e a refrescante fruta fazia parte de seu sonho.
Pablo é desses que consegue dormir profundamente, mesmo após ter levantado, ele ainda não acordou realmente, está apenas com o corpo em movimento, mas seu cérebro ainda está profundamente adormecido.
Giovana o olhou com ternura e sorriu, tendo a certeza de que para sempre amaria esse homem e seus sonhos compartilhados.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Como será?

Inspiração, imaginação ou alucinação? Meus pulmões gritam desesperadamente mas minha garganta não acompanha seu ritmo frenético. Desço lentamente, mas as escadas vão se estreitando, as paredes se apertando e eu sinto o desespero dos meus membros, que lutam pelo movimento.
Meu cérebro cansou, se aliou ao fígado e parou de funcionar, desilusão e solidão, meu corpo não me quer mais.
Mas onde está a maldita inspiração? Teria ela desistido também? Maldição de calor, derreteu minha imaginação e assim se instalou a alucinação.
As máquinas pararam e assim me condenam também, o isolamento e a descrença me aguardam, agora basta disso, estou indo pra lá também, mas quem sabe os ventos não me tragam novamente.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Alimento

Os corvos estão li, me observando, só esperando minha queda para iniciar o ataque. Podem vir, estou aqui, vou deixá-los dilacerar lentamente minha pele, alcançar meus órgãos que já não servem para mais nada mesmo.
Reflexão que me levou ao desespero. Tropeço em carcaças e vejo que ali está meu destino.
Luzes ofuscam minha realidade, minha angústia e solidão. Quero silêncio, quero que os gritos dos abutres parem de ecoar em meus tímpanos.
Chega, quem venham os corvos, desisto.