terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Orelhão de memórias

Sinto a ausência da emoção e me contento com a angústia. Encontro no bolso da calça velha uma ficha telefônica. Memórias resgatadas, contadas de forma divertida.
Ele recusou ajudar a moça que caiu no lamaçal da cidade, recusou comer brócolis e nunca mais quis se olhar no espelho.
O orelhão não comporta mais a minha velha ficha telefônica, mas meus sentimentos a guardam com carinho.
Vou fazer a ligação antes que seja tarde demais, pois o dia já vai clarear e eu aqui não posso mais ficar.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Melancia

O relógio tocou enlouquecidamente avisando que já estava na hora de levantar e iniciar mais um dia de trabalho. Pablo havia dormido no sofá, sonolento ele se encaminhou ao quarto e desligou o barulho que penetrava em seu cérebro. Giovana acompanhava seu retorno sonolento ao sofá-cama e perguntou a ele que horas eram, ele respondeu que os ponteiros marcava sete horas da manhã e complementou perguntando para ela sobre a Melancia. Melancia, como assim melancia????
Giovana despertou imediatamente e percebeu que seu amado ainda dormia e a refrescante fruta fazia parte de seu sonho.
Pablo é desses que consegue dormir profundamente, mesmo após ter levantado, ele ainda não acordou realmente, está apenas com o corpo em movimento, mas seu cérebro ainda está profundamente adormecido.
Giovana o olhou com ternura e sorriu, tendo a certeza de que para sempre amaria esse homem e seus sonhos compartilhados.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Como será?

Inspiração, imaginação ou alucinação? Meus pulmões gritam desesperadamente mas minha garganta não acompanha seu ritmo frenético. Desço lentamente, mas as escadas vão se estreitando, as paredes se apertando e eu sinto o desespero dos meus membros, que lutam pelo movimento.
Meu cérebro cansou, se aliou ao fígado e parou de funcionar, desilusão e solidão, meu corpo não me quer mais.
Mas onde está a maldita inspiração? Teria ela desistido também? Maldição de calor, derreteu minha imaginação e assim se instalou a alucinação.
As máquinas pararam e assim me condenam também, o isolamento e a descrença me aguardam, agora basta disso, estou indo pra lá também, mas quem sabe os ventos não me tragam novamente.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Alimento

Os corvos estão li, me observando, só esperando minha queda para iniciar o ataque. Podem vir, estou aqui, vou deixá-los dilacerar lentamente minha pele, alcançar meus órgãos que já não servem para mais nada mesmo.
Reflexão que me levou ao desespero. Tropeço em carcaças e vejo que ali está meu destino.
Luzes ofuscam minha realidade, minha angústia e solidão. Quero silêncio, quero que os gritos dos abutres parem de ecoar em meus tímpanos.
Chega, quem venham os corvos, desisto.