quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Você

Eu poderia ser sua, mão não serei.
Quando estou trabalhando eu penso em ti, mas você não, por isso não serei sua. Quando acordo, me arrumo e me perfumo pensando em você, mas você não está pensando em mim. Quando viajei pensei em ti, quando adormeci pensei em você, quando acordei lembrei que havia sonhado com você. Não estudei pois estava pensando em você, não lembrei que estava de regime, comi sem perceber pois meus pensamentos estavam com você.
Desisto, já me rendi, sou toda sua, mesmo você não sendo em nenhum momento meu.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Encontros da vida

A noite estava agitada, ela tinha diversos amigos ao seu redor porém se sentia só, não tinha vontade de conversar e seu sorriso saia mecânicamente. Ela queria fugir dali, não queria ninguém por perto, não queria ouvir, nem ver, muito menos falar.
Saiu do local discretamente para evitar maiores detalhes, foi caminhando em direção a sua casa, não percebia as pessoas ao seu redor, só sentia o vento embaralhando seus cabelos. Ao chegar em casa nem se deu ao trabalho de aceder a luz, apenas se jogou no sofá e se rendeu as lágrimas. Sentia uma dor insuportável em seu peito, parecia que todos no mundo haviam sumido e apenas ela, ali em sua sala escura ainda vivia, mas ela não queria viver, queria sumir também, queria arrancar aquela dor do seu peito e poder respirar tranquilamente. Sempre foi uma mulher alegre, sorridente, sempre disposta a ajudar, as vezes esquecia de si própria para ajudar alguém e agora que ela mais precisava não havia ninguém no mundo capaz de estancar as lágrimas que percorriam sua face, de acalmar o coração que palpitava aceleradamente em seu peito e a fazia sufocar.
O mundo havia tirado de seu ventre a vida que estava germinando e isso era algo que ela jamais poderia superar. Ela tinha ódio do mundo e tudo que queria nesse momento era vingança.
Resolveu se vingar do universo, saiu em disparada, buscou algo para se vingar. Na busca pela vingança ela encontrou uma jovem caminhando sem rumo, assim como ela.
A jovem estava tão desesperada quanto ela, no entando pelo motivo justamente oposto, ela tinha uma vida para cuidar, mas não tinha tempo hábil para poder criar uma nova vida, estava só e seu tempo nesse nosso mundo era curto.
Resolveram então unir forças e assim amenizar suas dores. Após cinco meses de apoio, conforto e esperanças mútuas nascia uma nova vida. Ela sabia que a jovem, onde quer que estivesse estava serena e feliz, pois era isso que ela sentia serenidade e felicidade.

sábado, 22 de agosto de 2009

Gostosa noite

Era uma noite comum como outra qualquer, o dia havia sido exaustivo e a única coisa que eu queria era jantar tomando um bom vinho e finalizar a noite com um filme.
O rapaz que eu estava saindo a algum tempo me convidou para jantar em seu apartamento, no início fiquei declinada a recusar, afinal estava muito cansada, mas meu sentimento por aquele homem crescia a cada dia e eu não queria desperdiçar nem um momento de sua companhia. Convite aceito, sai do escritório e fui ao seu encontro. Ao chegar lá ele havia preparado um delicioso macarrão, que era sua especialidade. Saímos para alugar um filme e comprar bebidas e sobremesa, estava tudo fluindo tão bem que senti até um certo medo.
Passamos uma noite gostosa e divertida, mas eu precisava ir embora já era tarde e estávamos cansados. Ele insistiu para que eu ficasse com ele, para que não fosse embora. O cansaço e seus apelos carinhosos me venceram, resolvi ficar.
Me deitei em seus braços e rapidamente adormecemos. Acordo no meio da madrugada com uma voz, ainda sonolenta percebo que é ele que está resmungando alguma coisa, curiosa com a situação tento estabelecer uma conversa com ele, mas não obtenho êxito, afinal ele está falando coisas de seu trabalho e eu não consigo compreender do que se trata. Resolvo levantar e assistir um pouco de televisão, quem sabe assim não consigo dormir novamente.
Fico alguns instantes observando aquele homem com jeito de menino que dorme profundamente ao meu lado e sinto que essa será a primeira de muitas noites divertidas e mal dormidas, que com certeza farão diferença em minha história de vida.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Sentir

O que sinto nessa noite solitária e fria não é medo, não é indiferença, não é alegria e muito menos é tristeza. O sentimento que me invade é de raiva, dor e desprezo.
Preferia não ter te visto naquela noite, não ter realmente olhado no fundo de seus olhos dissimulados e ter me entregado. Você é como um parasita, sugou toda minha alegria, minha energia de viver, você apenas se alimenta da minha felicidade, dos meus sonhos, da minha juventude.
Sinto que estou presa e não consigo me libertar, quero voltar a sorrir, quero que as lágrimas parem de rolar em minha face. Tenho vontade de gritar bem alto, mas minha voz não sai, não sou ouvida, ninguém me reconhece, ninguém sabe quem sou eu.
Enquanto procuro a chave para minha libertação vou caminhando vagarosamente como um zumbi, como um vampiro que desesperadamente procura se alimentar.
É hora de dizer adeus, nada mais me resta senão despir toda essa amargura e repousar em busca dos melhores sonhos já sonhados.

Cabana

O céu estava lindamente estrelado, fazia muito frio naquela noite, apenas a fogueira me aquecia. Ter saído para caminhar na floresta, sem mapa, sem guia, foi uma péssima ideia. Meu corpo estava cansado e dolorido, mas sabia que logo amanheceria e o sol voltaria a aquecer minha pele.
Estava encolhida numa árvore a espera do amanhecer, quando ao longe vejo uma luz, resolvi me levantar e tentar chegar até lá, afinal poderia ser uma cabana ou alguém que saberia me tirar daquele lugar.
Ao chegar próximo ao local da onde vinha a luz tive certeza que meus instintos estavam corretos, era mesmo uma cabana. Vagarosamente para não assustar um possível morador me aproximei da cabana e bati levemente na porta em busca de abrigo para aquela noite gelada.
Quem atendeu ao meu chamado foi uma senhora de cabelos brancos, sua face parecia sofrida e séria, mas fui recebida de maneira muito gentil e educada.
Relatei a ela o ocorrido e ela me ofereceu uma xícara de chá bem quente para me aquecer, prontamente aceitei sua oferta.
Na cabana havia poucos móveis, todos muito rústicos. A gentil senhora chegou com o chá, sentou-se ao meu lado e logo iniciamos uma deliciosa conversa. Minha curiosidade estava aguçada e então perguntei qual era sua história, porque vivia tão isolada e solitária naquela cabana no meio de uma floresta, sem nenhum recurso. Ela me relatou que vivia ali com o marido, que era lenhador, nunca conseguiu ter filhos, por isso viviam sozinhos, mas bem, até que inesperadamente ele adoeceu. Nesse momento sinto que seu semblante ficou sério e de certa forma sombrio. A doença, segundo a senhora, avançou rapidamente deixando seu esposo cada vez mais instável, ele vivia momentos de lucidez e outros de total insanidade, até que um dia a esfaqueou e cortou a própria jugular. Senti minhas pernas ficarem bambas, minha visão ficou turva, mal conseguia ouvir o que ela falava.
Senti uma grande claridade em minha face, abri os olhos e percebo que estou deitada no meio da floresta, o dia já amanheceu. Ainda zonza me levanto lentamente, não consigo me lembrar de como fui parar lá novamente. Será que falei ou fiz algo que fizesse aquela mulher me expulsar de sua casa? Olho ao redor e não consigo achar a cabana, mas percebo que ao meu lado no chão tem um papel velho, um pouco amassado, abro e vejo que é um mapa. Com grande dificuldade consigo me localizar no mapa e acho o local onde estava acampada com meus amigos.
Ao me aproximar do acampamento, estão todos agitados, inclusive alguns guardas florestais estão por lá. Sou recebida de forma calorosa por meus companheiros e pelos guardas, estavam todos aflitos com meu sumiço.
Após ser atendida pelos guardas e me reestabelecer pergunto a eles sobre a cabana da floresta, se eles sabem quem é a pessoa que mora lá. Eles se entreolham e me falam que naquela cabana vivia um casal de lenhadores, mas que o marido enlouqueceu e se matou após ter matado sua esposa.
Senti que iria desfalecer. Como era possível não ter ninguém morando naquele local? Eu conheci a senhora, tomei chá com ela e ouvi sua história, não estava alucinando, como seria possível eu saber da sua história e ainda por cima ter ganhado um mapa dela? Mostrei o mapa para o guarda e perguntei se ele tinha certeza que o local estava abandonado, se não haveria alguma pessoa da região que estava morando lá? Eles me garantiram que faziam a ronda a cada quinze dias no local e tinham certeza que a muitos anos a casa estava completamente vazia. Nesse momento eu não questiono mais nada, apenas deixo eles partirem.
Só tenho a agradecer a senhora que me ajudou num momento de grande dificuldade e risco de morte, esteja ela onde estiver.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Misteriosa mulher

Noite fria e chuvosa, ótima para ficar em casa debaixo da coberta assistindo filmes e comendo pipoca. Preparo a pipoca e coloco o dvd pra rodar. Estou exausta o dia foi cansativo no trabalho, muitas reuniões, acabo adormecendo antes do final do filme.
Desperto ao som de trovoadas, estou ainda sonolenta, levanto e me caminho cambaleante até a janela para observar o céu chuvoso e riscado pelos raios. A rua está deserta, nenhum carro, nenhum transeunte, nenhum sinal de vida. Inesperadamente ouço um grito feminino, procuro em meio as grossas gotas de chuva saber o que está acontecendo, mas não obtenho êxito em minha tarefa. Fico muito perturbada com o grito, alguém poderia estar precisando de ajuda, coloco uma galocha, capa de chuva e saio para tentar achar a autora de tão desesperado grito. Ando por todo o quarteirão e continua vazio, não encontro ninguém e também não ouço mais nada, somente os trovões que estão se afastando e a chuva que está diminuindo. Caminho mais lentamente esperando o cessar da chuva para poder observar mais calmamente os cantos e quem sabe achar a pessoa que gritou. Finalmente a chuva para totalmente e agora com melhor visibilidade consigo enxergar. Sentada num canto de uma casa que está para alugar está uma moça magra e pálida, com um olhar muito assustado. Me aproximo dela e pergunto se foi ela quem gritou e se posso ajudá-la, ela se encolhe mais, mas acena um sim com a cabeça. Percebo que sua roupa está suja de sangue e digo que irei até o telefone público solicitar socorro, ela não responde nada, continua sentada, encolhida e assustada.
Corro em direção a esquina onde tem um telefone público, ligo para a polícia e conto o ocorrido, eles pedem para que eu fique junto da moça até chegar o socorro. Então volto para tentar conversar e quem sabe obter alguma informação sobre o ocorrido e também para não deixá-la sozinha a espera de ajuda.
Chego na casa e para meu total espanto a moça não está mais lá, olho o local onde ela estava sentada e não possui uma gota sequer de sangue. Desesperadamente saio a sua procura, não poderia ter ido muito longe, estava muito machucada pela quantidade de sangue que vi em suas roupas. Procuro em todos os lugares e não encontro nem vestígios da tal figura misteriosa. O socorro chegou e eu extremamente assustada e envergonhada vou explicar o que aconteceu a eles. Com um olhar de reprovação eles me pedem para ir pra casa, posso ver em seus olhares que acham que estou louca ou sob efeito de alguma substância que alterou meus sentidos.
Totalmente incomodada vou para minha casa, tomo um banho quente, um chá e tento me acalmar, tento encontrar as resposta para tudo que acaba de acontecer, mas não as acho.
No dia seguinte converso com todos os vizinhos que encontro sobre a chuva e pergunto se algum deles ouviu algum grito, mas ninguém ouviu grito algum.
Mas eu tenho certeza do que ouvi e vi e até agora estou intrigado com aquela estranha. O que realmente aconteceu a ela? Para onde será que ela foi? Por que não esperou o socorro? Seria alguma fugitiva? Acredito que não, pelos menos não aparentava ser, bem essas são questões que não tenho as respostas, mas espero um dia as ter.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Encontro

Era noite de festa na faculdade, ela o convidou, mas se questionava se ele iria, sabia que ele não gostava muito de sua companhia, por algum motivo que ela não sabia explicar todas as vezes que eles conversavam acabavam discutindo sem grandes motivos, sempre por picuinhas. Ela gostava de conversar com ele, tinham alguns gostos parecidos, mas inexplicavelmente algo não deixava essa amizade se aprofundar, então ela resolveu convidá-lo para uma festa, talvez em um ambiente mais neutro poderiam conversar e quem sabe nascer daí uma grande amizade.
Enquanto aguardava ansiosamente observava os garotos da festa, nenhum chamava sua atenção, pareciam todos muito infantis para ela que já era tão mulher.
Alguém começa a cantar magnificamente, isso chama sua atenção e quando ela se vira lá está ele cantando uma balada romântica, ela jamais poderia imaginar tão bela voz, tanto sentimento de carinho e tristeza. Naquele momento ela percebeu porque eles tanto se desentendiam, era medo, estavam apaixonados e não queriam admitir, não estavam deixando esse sentimento avassalador tomar conta de seus corações.
A música acaba e ele se aproxima dela sorrindo um riso tímido, ela sorri abertamente e o abraça sem dizer nada.
A noite estava apenas começando, melhor não dizer nada e deixar as coisas fluírem. Eles cantam, dançam, conversam e gargalham como um casal apaixonado, mesmo não tendo nenhum contato corporal, eles sabem que pertencem um ao outro, nem que seja somente por esta noite.
A festa está acabando, mas a madrugada ainda está apenas começando. Ele se oferece para levá-la para casa e ela aceita prontamente, ao chegar no portão de sua casa eles não conseguem mais segurar o sentimento e o beijo finalmente acontece, foi um beijo tímido de início, mas que evolui deliciosamente.
Amanhece, ela delicadamente abre seus olhos e ao olhar para o lado encontra ele dormindo gostosamente, ela então sorri com ternura e felicidade, pois sabe que está amando e que eternamente será amada.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Noite Magnífica

A noite está magnífica, penso que o melhor seria sair e observar as pessoas, nada melhor que uma cervejinha para acompanhar a entrada da madrugada. Coloquei uma roupa confortável e apresentável e rumei para o bar. Chegando lá percebo que muitas pessoas tiveram a mesma ideia que a minha, no entando o local está agradável, som ambiente e mesas disponíveis. Ocupo um lugar próximo ao telão para apreciar minha cervejinha assistindo o dvd que está sendo exibido, é um show antigo de uma banda clássica de rock.
Acaba o show e então resolvo olhar as pessoas nas mesas ao redor, cada grupo ou indivíduo com suas peculiaridades, é então que meu olhar cruza com o de um rapaz alto, moreno e muito bonito, barba por fazer, parece um homem que acabou de se graduar e está em seu primeiro trabalho efetivo, está reunido com um pequeno grupo e aparentam trabalhar juntos. Algo nesse moço chamou minha atenção, tinha um olhar de responsável mas ao mesmo tempo juvenil. Fico constrangida pois estou a alguns minutos o observando e percebo que tanto ele quanto as pessoas em sua mesa perceberam isso, desvio o olhar e absorvo o último gole de cerveja que havia em meu copo. Procuro o garçom para pedir mais uma e talvez um petisco, mas parece que o atendende não percebe que estou solicitando sua presença e fico eu ali, acanhada, esperando ser notada. Cansada de ficar a espera do garçom decido ir ao caixa fechar a conta e caminhar.
Estou caminhando distraída quando sinto que alguém se aproxima de mim, desconfiada olho para trás e vejo que é o rapaz dos olhos hipnotizantes. Um misto de sentimentos me invade, medo, felicidade, desconfiança e ansiedade. Ele sorri para mim, seu sorriso é cativante tanto quanto seu olhar, não resisto e correspondo ao seu sorriso, ele se aproxima, se apresenta e pede para me acompanhar, tento resistir mas o desejo de ter sua companhia é mais forte do que o medo e acabo aceitando.
Adormeço sentindo seus braços me envolvendo, seus beijos, suas mãos, é a noite realmente foi magnífica.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Hotel

Hoje o por do sol foi magnífico, acabei de jantar e me direcionei a janela para acompanhar os últimos raios solares, nessa época do ano o sol demora muito para descansar por esses lados. O melhor a fazer após essa linda imagem é saborear um vinho e assistir um bom filme até que o sono feche minhas pálpebras.
Após dois filmes e uma garrafa de vinho eu continuo acordada e já é madrugada, melhor mergulhar na leitura, a televisão já não passa nada que possa me interessar. Ligo o som bem baixo para não incomodar os demais hóspedes e inicio minha leitura.
Alguns capítulos depois ouço um sussurro mas não compreendo bem, provavelmente são os meus vizinhos de quarto. Novamente o sussurro, dessa vez parece estar mais perto, fico intrigada, resolvo desligar o som. O silêncio reina no quarto e inesperadamente eu sinto um frio congelante. Verifico o ar, está desligado, a janela está semi aberta mas o calor lá fora é grande. Talvez eu esteja cansada e nada mais que isso.
Alguns corvos que resolvem repousar na varanda do meu quarto estão agitados e soltam seus típicos sons que ecoam pelas ruas. Resolvo me deitar, quem sabe o sono não aparece. Adormeço alguns minutos após me deitar, mas um grito me desperta abruptamente, levanto e vou tentar descobrir do que se trata, afinal alguém pode estar em perigo. Olho pela janela e a rua está vazia, assim como o corredor do hotel.
O hotel é antigo possui corredores largos e extremamente compridos, toda a decoração possui tapetes e cores fortes, lembra muito o hotel de um filme de terror que assisti quando adolescente, um filme muito bom e conhecido. Neste momento sinto um ar em minha nuca, me viro bem devagar e era uma moça muito pálida, parecia que estava vestida com roupas de housekeeper, porém parece um pouco diferente das atuais e mais velhas. Pergunto se posso ajudá-la, se foi ela quem gritou, se está precisando de alguma coisa, ela nada responde, apenas caminha pelo corredor até eu perdá-la de vista.
Melhor dormir, se ela precisar de mim sabe onde me encontrar.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

O mar

O vento sopra pedaços de canções vindas dos sambas que são cantados ao longe. A lua ilumina o céu e as estrelas parecem repousarem sobre o mar, a areia fina penetra no corpo timidamente.
Como são vívidas e alegres as noites de verão, a cidade não repousa, a cidade está alegre demais para adormecer. Casais se aventuram sobre as dunas e tornam as noites ainda mais quentes. Observo o mar se agitar com os ventos, parece que ele me chama, parece que me quer, que quer lamber minha pele e absorver meus pensamentos. Tantos se entregaram aos encantos do mar e hoje são estrelas, as mesmas que repousam sobre ele. O mar encanta, acalma, te consome, até te possuir inteiramente. Adormeço ouvindo seu canto, é um canto que enlouquece e inebria, te alegra e entristece. O misterioso mar e seus cantos me faz sonhar com tudo que vivi, com tudo que viverei se um dia viver.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Rio de sentimentos

O rio estava calmo naquela noite de luar. Resolvi sentar e apreciar a vista da noite no campo, tão serena, tão cheia de vida, a lua iluminava a grama, e principalmente o rio.
As águas corriam serenas, sem nenhuma pressa. Ao longe ouço passos em meio as folhagens, procuro me esconder para pode observar quem vem. Um casal se aproxima, estão tão entregues a paixão que não me enxergam em meio as árvores. Fico observando aquela paixão, aquele frescor do amor recente e me entrego as lembranças. Saudades do tempo em que amava sem nenhuma preocupação, sem nenhum medo, sem pensar no futuro.
Sinto falta do tempo em que me bastavam os beijos apaixonados e as promessas de amor, promessas essas que me fizeram feridas, deixaram cicatrizes, marcas que não se apagam nunca, marcas de amores que se tornaram desamores.
Tanto amei, tanto me entreguei, tantos fiz sofrer, enganei, trai, desiludi. A juventude nos deixa delirantes, nos faz capaz de tudo, mas nos cobra depois, sem vacilar, sem nenhum pesar, sem nenhuma piedade.
Sinto a rebeldia dos tempos de mocidade ardendo em meu peito novamente, sinto que posso amar novamente, que posso ainda errar. Todos podem. Podemos amar, errar, corrigir, sofrer, sorrir doce e amargamente.
Quero sentir novamente aquele arrepio gostoso de medo e paixão. Traga-me mais uma dose desse veneno, é só o que peço. Meu amor, por acaso você já amou ardentemente algum dia? Já sentiu todo poder da paixão? O medo desesperado de perder algo que não te pertence. A vontade de ver, sentir, pegar, ter só pra si alguém?
Vamos nos entregar a esse sentimento sufocante e prazeroso, deixe-me te mostrar quanta vida existe aí dentro. Você diz me amar, mas não, você não sentiu a fúria do amor.
O casal está se distanciando, quase não os vejo mais, me levanto decidida, não vou esperar os raios solares romperem esse céu estrelado, irei agora mesmo te mostrar o que é o amor e se você não estiver disposto a amar, amarei assim mesmo.
Espero que se liberte, que deixe o sentimento fluir, assim como flui o sangue em suas veias. Lutarei por você, mas somente hoje.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Casarão

Noite com temperatura agradável, me arrisco num passeio pelas ruas e becos, nada melhor do que caminhar durante a madrugada, com as ruas desertas e cheia de vida ao mesmo tempo.
Estava caminhando tranquilamente observando as casas do bairro, são casas antigas, com uma arquitetura charmosa, sobrados, casarões antigos em meio a comércios, prédios e casas modernas, isso tudo se mistura revelando um pouco do passado e do presente de cada cantinho. Me deparo com um casarão muito bonito, porém sem nenhuma conservação, talvez sem nenhuma vida. Enquanto observo suas formas, vejo uma luz se acender ao fundo, fazendo reflexo na janela da entrada principal. Será que alguém mora neste lugar? Mas está tão abandonado, sujo, sem nenhum sinal de carinho. A luz se apaga e me deixa intrigada, acho que vou cometer um delito e vou adentrar nesse recinto para saciar minha curiosidade.
O portão está sem nenhuma tranca, se abriu facilmente, assim como a porta dos fundos. Entro e um cheiro forte de enxofre invade minhas narinas, fico levemente tonta, mas continuo firme em minha investida. Estou na cozinha, porém não há nenhum objeto que revele algum morador, além obviamente dos ratos e baratas que me observam com curiosidade. Já que estou cometendo uma insanidade, vou acender a luz para poder investigar melhor os ambientes. A luz, apesar de ser extremamente fraca, desagrada meus queridos companheiros de jornada, então sem a presença dos ratos e demais insetos que procuram se esconder da claridade, caminho solitária nessa jornada.
Vasculho cada canto da casa e não encontro nenhum habitante humano. Mas a casa possui um porão, que estava fortemente trancado, não consegui entrar. Será que alguém está lá se escondendo de mim? Será que foi essa pessoa que acendeu a luz? Talvez esteja precisando de algum tipo de socorro. Ou não será um ser humano? São muitas perguntas, mas meu tempo está ficando extremamente escasso, o dia está para amanhecer e não posso ser vista saindo desse casarão, poderia levantar algum tipo de suspeita, alguém das redondezas pode conhecer seus donos e me entregar, melhor não arriscar mais do que já me arrisquei. Me retiro discretamente do local e volto a caminhar vagarosamente pelas ruas, só que dessa vez meus pensamentos não estão comigo, ficaram lá no casarão.
Existe muita história naquele lugar. Quem eram seus moradores? Porque deixaram um local de tão precioso valor abandonado? São perguntas demais que não querem calar, acho que o melhor é investigar mais profundamente, mas não hoje, agora é hora de repousar.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Realidade

Estou inquieta, sinto meu coração palpitar mais forte, sinto que essa madrugada meus pensamentos não terão outro destino a não ser o de pensar nele. Aquele homem que em tantos momentos de insônia me invadiu, levou consigo toda minha tristeza, toda a angústia e me fez adormecer esplendorosamente.
A madrugada está quente e eu sinto frio, no céu as estrelas parecem sorrir, mas sei que estão todas mortas, assim como meu coração. Investigo o passado em busca das respostas, mas é tudo em vão, nada me acalenta, minhas entranhas estão expostas.
Quem é você ? Por que entrastes assim em minha vida ?
Aquele ser que conheci em uma noite de primavera e que tantos dias embriagantes de verão me trouxe alegria, existiu algum dia ?
A brisa noturna invade o quarto, faz a cortina balançar ao som dos meus soluços, a lágrima salgada lava minha face desfigurada. Não resta nenhuma alternativa, somente encara a realidade da desilusão. Nunca houve carinho, nem tesão, nem promessas de uma velhice honrosa. Só existe futilidade e falta de tempo.
Arranco a máscara de compreensão, me aproximo do espelho e observo. Agora entendo, nada mais resta, somente a realidade, dilacerada realidade.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Vinho ?

A noite estava gelada e chuvosa, a rua está deserta e o céu brilha com os raios. Nada muito instigante na televisão, melhor ler um bom livro.
Aos poucos a chuva vai diminuindo sua intensidade, assim como os raios que brilhavam no céu. O silêncio toma conta da escuridão, apenas a luz do abajur ilumina sua leitura. Repentinamente algo rompe esse silêncio. O som de copo quebrado vem da cozinha, ela se levanta para verificar o estrago, afinal um copo mal colocado no escorredor pode cair a qualquer momento.
Nenhum caco de vidro no chão, nenhum vestígio sequer de copo, prato ou qualquer outra coisa que possa ter causado o barulho. Ela sente um arrepio estranho, algo não está certo. O que teria causado tal barulho ? Sem encontrar resposta para o que acaba de ocorrer ela retorna para sua leitura e adormece.
O dia amanhece nublado, foram apenas duas horas de sono, melhor fazer um café bem forte. A cozinha não possui mais o ar misterioso da noite anterior. Lá está uma taça suja de vinho, mas ela tinha certeza que olhara tudo na noite anterior, não havia tomado vinho naquela noite, como poderia a taça estar suja e a garrafa caída ao lado da lixeira. Ela sente uma angústia, algo não está correto, o que está acontecendo ? Estaria ela enlouquecendo ?
Uma tempestade se aproxima, melhor dormir um pouco mais.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Antes do novo ano se iniciar.

Um novo ano está se aproximando, a cidade está cada vez mais vazia, seus personagens rumam em suas viagens e as madrugadas ficam cada vez mais silenciosas e misteriosas. A rádio está fazendo uma listagem com músicas antigas, estou sem sono mesmo, ficarei apreciando a boa música.
Adormeço no sofá da sala, mas pouco tempo depois desperto banhada de suor. Meus braços estão dormentes, o calor sufoca, mas sinto um incomodo muito maior e não é físico. Onde está o homem que habita meus raros momentos de sono ? Eu podia sentir seus braços, seus lábios, seu corpo me envolvendo. Era tão real, por que despertei ?
Mas este homem está tão distante, é tão irreal, nem mesmo sei se possui um nome. A única certeza que tenho é que senti sua carne e não estou ficando louca, ou será que estou ? Sinto-me culpada, sinto que não posso me entregar a esse prazer tão inebriante. Não é possível te ter, nunca será, foi apenas uma ilusão de noites mal dormidas.
O cansaço invade meu corpo, adormeço novamente. Será que um dia você será real ? Será que um dia será meu companheiro ? Poderei eu compartilhar minhas noites de insônia com tão misteriosa e sedutora figura ?
Quem sabe ?