terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Barulho da chuva

A madrugada está chuvosa, gosto do barulho, sinto necessidade de sair, deixar a água do temporal envolver meu corpo. Arrastar o peso dos meus pensamentos. Cada elogio mendigado, cada gesto forçado, cada beijo acomodado. Que o barulho da madeira crocante que irrita, que rasga ao meio aquele momento sonolento, parta ao meus esses meus sentimentos. Vá embora junto com a correnteza do meio fio, sendo engolido pela boca de lobo.
A chuva não para, eu também não.
A chuva insiste, você também. 
Por acaso você já sentiu como soa interesseiro seu incentivo e como soa vago seu elogio?
A chuva teima. Assim como você teima em não ver, querer ou acreditar.
Que a chuva acalme. Que eu me acalme. Mas ela vai voltar, ela sempre volta. Assim são promessas em vão. Elas sempre voltam.

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